domingo, 27 de fevereiro de 2011

Galeria de notáveis

De épicos como Ben Hur e E o vento levou a produções independentes como O Sindicato dos Ladrões e Quem ser um Milionário, conheça alguns dos filmes mais premiados da história do Oscar*


Ben Hur (William Wyller, 1959) – 11 Oscars
Durante quase 50 anos Ben Hur foi o líder em premiações do Oscar, até que Titanic (James Cameron, 1997) igualou sua marca de 11 estatuetas, em 1998, e, cinco anos depois, O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (Peter Jackson) também o fez. Foi premiado nas categorias Filme, Direção, Direção de Arte, Ator, (Charlton Heston, numa atuação marcante), Ator Coadjuvante (Hugh Griffith), Fotografia, Figurino, Efeitos Especiais, Montagem, Trilha Sonora e Som.




A saga do mercador judeu Judah Ben Hur (Heston) é considerado o maior épico de todos os tempos, e também um dos mais caros filmes da história do cinema. À época em que foi filmado quase totalmente nos estúdios da Cinecittà, na Itália, custou 15 milhões de dólares, quantia considerada ridícula se comparada a produções recentes como Avatar, também de Cameron.

Titanic (James Cameron, 1997) – 11 Oscars
A história de amor vivida por Rose DeWitt Bukater (Katie Winslet) e Jack Dawson (Leonardo di Caprio), dois jovens pertencentes a classes sociais diferentes que se conhecem, se apaixonam e morrem no naufrágio do célebre transatlântico RMS Titanic foi um sucesso de público, crítica e premiações. Levou os Oscars nas categorias Filme, Direção (James Cameron), Direção de Arte, Fotografia, Efeitos Sonoros, Figurino, Edição de Som, Efeitos Especiais, Montagem, Trilha Sonora e Canção Original. Foi também o filme que recebeu o maior número de indicações ao Oscar na história da premiação, com 14, juntamente com A Malvada (Joseph L. Mankiewicz, 1950).


O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (Peter Jackson, 2002) – 11 Oscars
Impressionante por sua qualidade técnica e pelo apuro na adaptação para o cinema, o terceiro filme da saga baseada na obra de J.R.R Tolkien teve uma carreira pontuada por marcos importantes. Foi o primeiro filme de fantasia a ganhar o Oscar de Melhor Filme. Também tornou-se a terceira sequência na história da premiação a receber esse mesmo prêmio, conquista igualada anteriormente por O Poderoso Chefão Parte 2 (Francis Ford Copolla, 1974) e Hannibal (Ridley Scott, 2001). Foi vencedor em todas as categorias para o qual foi indicado: Filme, Direção (Peter Jackson), Efeitos Especiais, Direção de Arte, Montagem, Figurino, Efeitos Sonoros, Som, Fotografia, Trilha Sonora e Canção Original. Em Melhor Filme teve como rivais Sobre Meninos e Lobos (Clint Eastwood) e Encontros e Desencontros (Sofia Coppola).

Amor, Sublime Amor (Robert Wise, 1961) – 10 Oscars
É tido por vários críticos uma das melhores adaptações de um musical da Broadway para o cinema de todos os todos. Uma espécie de Romeu e Julieta contemporâneo, mostra o relacionamento de Tony (Richard Beymer), líder da gangue anglo-saxã dos Jets, e Maria (Natalie Wood), irmã do líder do grupo rival, os Sharks, formado por imigrantes porto-riquenhos. Em meio a várias coreografias e canções inesquecíveis, o amor do casal acirra a rivalidade entre as duas gangues, como na obra shakesperiana.
Único filme da história com 10 estatuetas no currículo: Filme, Direção, Ator coadjuvante (George Chakiris), Atriz coadjuvante (Rita Moreno), Direção de arte, Fotografia, Figurino, Edição, Som e Trilha Sonora.
O prêmio mais inesperado foi o de melhor diretor, divido por Jerome Robbins e Robert Wise, que desbancaram Federico Fellini, que competia com La Dolce Vita.


O Paciente Inglês (Anthony Minghella, 1996) – 9 Oscars
O ano de 1996 teve uma disputa acirradíssima pelo Oscar de Melhor Filme. O drama romântico baseado no livro de Michael Ondaatje e estrelado por Ralf Fiennes, Kristin Scott-Thomas e Juliette Binoche deixou para trás os norte-americanos Fargo (Etan e Joel Cohen), Jerry Maguire (Cameron Crowe), o inglês Segredos e Mentiras (Mike Leigh) e o australiano Shine (Scott Hicks). Além disso, também foi premiado em Direção (Anthony Minghella), Atriz Coadjuvante (Juliette Binoche), Direção de Arte, Fotografia, Figurino (Ann Roth), Edição e Trilha sonora.
Lauren Bacall, tida como favorita por seu papel em O Espelho tem duas Faces, foi desbancada por Juliette Binoche na categoria Atriz Coadjuvante. Por outro lado, Geoffrey Rush, com sua emocionante performance como o pianista David Helfgott, de Shine, faturou Melhor Ator , superando o favorito Ralf Fiennes.

O Último Imperador (Bernardo Bertolucci, 1987) – 9 Oscars
Um dos mais belos filmes de Bertolucci, narra história de Aisin-Gioro Puyi, o último imperador da China Imperial, que através de flashes relembra a sua infância, abreviada por ter se tornado imperador muito cedo e tendo de viver isolado na Cidade Proibida, e sua vida madura em Pequim após o domínio japonês, em Pequim. De produção impecável e pomposa, foi o primeiro filme a ter autorização do governo da República Popular da China para filmar na Cidade Proibida e usou mais de 20 mil figurantes ao longo das filmagens.
Indicado para nove prêmios, ficou com todos eles: Filme, Direção, Fotografia (Vittorio Storaro), Direção de Arte, Figurino, Edição, Trilha sonora, Som e Roteiro adaptado.


Sindicato dos Ladrões (Elia Kazan, 1954) – 8 Oscars
Foi o filme que consolidou a carreira do mito Marlon Brando. Ele viveu Terry Malloy, um ex-boxeador que acaba se envolvendo com uma gangue liderada por Johnny Friendly (Lee J. Cobb) e que atua no porto de Nova York, à época dominado pelo crime e pela corrupção. Depois da morte de um dos trabalhadores da área, Malloy, arrependido, tenta consertar suas ações enfrentando o sindicato e acaba por se apaixonar pela irmã do jovem falecido, a bela Edie Doyle (Eva Marie Saint).
O tom revolucionário e as excelentes atuações do filme renderam-lhe boas críticas e grande bilheteria. A bela fotografia em branco e preto de Boris Kaufman foi muito elogiada, garantindo uma estatueta nessa categoria. Indicado em 12, conquistou também os prêmios máximos em Filme, Direção, Ator (Marlon Brando), Atriz Coadjuvante (Eva Marie Saint), Direção de Arte, Fotografia, Edição e Roteiro.


E o Vento levou (Victor Flemming, 1939) – 8 Oscars
A saga de Scarlett O´Hara está presente na memória de cinéfilos de todas as idades e influenciou centenas de outros filmes do gênero. Vivida por Vivien Leigh, Scarlett passa de menina mimada a mulher batalhadora para defender sua família e sua fazenda de algodão durante a Guerra da Secessão, casa, fica viúva e volta a casar com o cínico milionário Rett Buttler, interpretado pelo galã Clark Gable. E o Vento levou exibiu figurinos luxuosos, locações belíssimas e ficou famoso pelos vários problemas durante sua filmagem. Entre eles está a antipatia de Leigh por Gable e os desentendimentos da estrela com o diretor, Victor Flemming.
Foi o primeiro filme a cores a ganhar o Oscar de melhor filme. É o segundo com o maior número de indicações ao Oscar, ficando atrás apenas dos empatados A Malvada, de 1950, e Titanic, de 1997, indicados a 14. Além das categorias tradicionais (Filme, Direção, Atriz, Atriz Coadjuvante, Roteiro Adaptado, Montagem, Fotografia e Edição), conquistou outros dois especiais (um honorário e outro técnico), pela utilização de equipamentos coordenados na produção, e pelo bom desempenho no uso de cores para a valorização do teor dramático do filme. Entretanto, esses dois últimos não são contados no quadro geral da Academia.


Quem quer ser um milionário (Dany Boyle, 2008) – 8 Oscars
Depois das grandes produções milionárias e dos dramas românticos, os anos 2000 destacaram as produções independentes. Em 2008, a Academia se encantou com a adaptação do livro Quem quer ser um Milionário, de Simon Beaufoy, dirigida por Danny Boyle. Famoso na cena alternativa britânica dos anos 90, Boyle conduz a história de Jamal Malik (Dev Patel), jovem de 18 anos que cresceu nas favelas de Mumbai e vê uma chance de mudar de vida ao participar da versão indiana do game televisivo inglês Who Wants To Be A Millionaire?. No entanto, no auge do programa, a polícia prende o rapaz por suspeita de fraude.
Pela agilidade que caracteriza o estilo de Boyle e pela temática, foi aclamado como um novo Cidade de Deus pela crítica internacional. Também mostrou para o mundo que nem só de Bollywood a Índia é feita. Tanta originalidade rendeu ao filme 8 premiações, nas categorias Filme, Direção, Roteiro Adaptado, Fotografia, Edição, Trilha Sonora, Canção Original e Mixagem de Som.


Lawrence da Arábia (David Lean, 1962) - 7 Oscars
As décadas de 50 e 60 foram dominadas pelos épicos. Rodado na Espanha e no Marrocos, Lawrence da Arábia foi baseada na biografia de T.E. Lawrence (1888-1935), Os Sete Pilares da Sabedoria. O filme trata do enigmático Lawrence (Peter O´Toole), jovem tenente do exército britânico que durante a I Guerra Mundial está baseado no Cairo e pede transferência para a Península Arábica. Lá ele se torna oficial de ligação entre os rebeldes árabes e o exercito britânico, que se aliam contra os turcos.
Sem nenhuma atriz em papel principal ou secundário, a aventura do tenente inglês é considerado pela crítica inglesa um dos maiores filmes da história do cinema daquele país. Tais qualidades também foram reconhecidas pela Academia, que lhe laureou com Oscars nas categorias Melhor Filme, Melhor Diretor (David Lean), Direção de Arte, Fotografia, Trilha Sonora Original, Edição e Som. Aclamado por sua performance como o militar, Peter O´Toole, entretanto, foi preterido por Gregory Peck, premiado por O Sol é para todos.

*Matéria publicada originalmente na Revista Movie, em fevereiro de 2010

Um novo começo

Muitos de vocês já conhecem o Duelos y Delícias há alguns anos. Na verdade, comecei com o blog em 2004, pensando em escrever sobre assuntos diversos. Como cinema sempre foi um tema importante na minha vida - sou cinéfila desde que me conheço por gente e pesquisadora da área, na qual fiz mestrado na Unicamp entre 2004 e 2007 - ele acabou dominando os posts e fazendo do que um dia era um espaço para falar de tudo em um blog especializado.

Para fazer jus à importância da sétima arte, inauguro hoje o Pelis y Pelis, blog-irmão do Duelos. Aqui pretendo trazer a cada dois dias críticas que fujam da tendência de ser apenas uma indicação de consumo que campeia na mídia especializada e da qual muitos outros blogueiros excelentes fogem. Também publicarei ensaios atuais ou já publicados, além de notas simples e pitacos variados sobre tudo que se relacione ao mundo do cinema - moda, música e comportamento, principalmente.

Começar um blog de cinema num dia em que muita gente está vendo a entrega dos Oscars, que acontece logo mais, foi apenas uma feliz coincidência. Espero que você que lia o Duelos y Delícias continue me acompanhando por aqui. Que comente, participe, discorde, aplauda, vaie, enfim, esteja por perto. Bons filmes para todos!