segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Questão de escolha

Outubro é um dos meses que espero com mais ardor, todos os anos, há pelo menos 14 anos. Acho que mais ainda que fevereiro, o mês do meu aniversário, ou dezembro, das festas de fim de ano, das quais tanto gosto. É quando começa a Mostra Internacional de Cinema, esse ano menor – 250 filmes – e um pouco mais triste, sem a presença de Leon Cakoff, seu criador e diretor, que morreu vítima de câncer uma semana antes da abertura do evento, como todos sabem.

E uma coisa que sempre penso quando compro meu pacote, faço minha programação e organizo minha vida para respirar cinema por 12 dias é como as outras escolhem o que ver, diante de tão larga e rica oferta. Eu me pauto por várias coisas. A primeira é a chance desses filmes de irem para o circuito comercial. Raramente escolho aqueles que estarão nas salas logo, a menos que seja algo que eu queira muito assistir.

A segunda são diretores. Quando são exibidos filmes de realizadores que aprecio, mesmo que a crítica tenha descido a lenha previamente, acabo apostando neles. Premiados em festivais seguem a lista, não por se tratar de eleição segura, mas justamente pelo contrário, por constituir uma chance de confronto. Quantos e quantos filmes ganhadores de Leões, Ursos e Palmas não são terríveis?

E,finalmente, vem o efeito surpresa. Não tenho medo de me arriscar: muitas das melhores películas que vi durante todos esses anos de Mostra foram totalmente livres de indicações de amigos, da crítica, de festivais, de nada. Li a sinopse, o país de origem e pronto.

Não acredito que esse método seja nada original: muitos dos meus amigos e conhecidos fazem isso. Tem aqueles que privilegiam alguns países ou continentes – eu mesma vejo muita coisa da América do Sul. Ou só frequentar salas de um determinado circuito, como também faço. A síntese de tudo isso é que cinéfilos são pessoas cheias de idiossincrasias. Como sonhar com a chegada de outubro, para se internar na sala escura e viver momentos incríveis.