quinta-feira, 24 de março de 2011

Gente de talento

Passei uma parte do meu dia de hoje vendo os curtas vencedores do VIMEO Awards, festival criado no ano passado para mostrar a quantas anda a produção cinematográfica atual, principalmente a digital. Muita gente concorreu com projetos de graduação, outros já tem uma boa experiência e vários deles dão um surra em muita gente que se acha excelente cineasta.

Participaram do festival 6500 trabalhos e premiados 10 em diferentes categorias. Cada vencedor ganhou um prêmio em dinheiro e mais a chancelaria do Vimeo para distribuir os filmes na comunidade, mas redes sociais e outras áreas, o que é bem bacana.

"Break-ups: The Series" Vimeo Submission "Best Original Series" from Ted Tremper on Vimeo.




Last Minutes with ODEN from phos pictures on Vimeo.



Vale a pena dar uma olhada nos vencedores. O primeiro lugar, Last minute with Oden, é lindo e extremamente triste ao mostrar os últimos momentos de um cão. Na mesma linha vem Break Ups - The Series, três historinhas de finais de relacionamento, de 4 minutos cada. Todos foram improvisados e emocionam pela veracidade e por tratar de um tema tão corriqueiro de uma forma inusitada. Para ver todos os curtas e conhecer melhor o projeto, acesse o site oficial do Vimeo Awards aqui.

terça-feira, 8 de março de 2011

Amores expressos

No ano passado Xavier Dolan apareceu para o mundo. O prodígio canadense - ele tem só 21 anos - chamou a atenção da crítica com Eu matei minha mãe, em 2009, e em 2010 com Amores Imaginários, exibido em Cannes e outros festivais mundo afora. Foi muito comentado pela crítica, que se dividiu entre apupos e elogios.

O filme mostra o próprio Xavier como Francis, carinha moderno que passa grande parte de seu tempo em festas descoladas e cafés com sua amiga Marie (Monia Chokri). Num desses eventos a dupla conhece Nicholas(Niels Schneider), carinha interessante que acabou de chegar do interior à Quèbec. A dupla hipster acaba se apaixonando pelo rapaz (que se mostra um belo de um manipulador), o que acaba por colocar em cheque a amizade de tanto tempo.



Dolan busca várias referências - de Truffaut a Wong Kar Wai, esse último aparentemente a maior fonte - para criar uma película de ritmo interessante e esteticamente bem acabado. Os figurinos são incríveis, à la In the mood for love, e o clima amargo lembra 2046, duas das melhores realizações do chinês.

De Truffaut o diretor parece ter se inspirado em Jules et Jim para compor os personagens e o triângulo amoroso que se forma entre eles. Aliás, muitos outros grandes mestres do cinema já passaram por esse quase sub-gênero, como Godard (com Band à part, um dos meus preferidos) e Bertolucci (Os Sonhadores) e o canadense certamente os estudou com afinco.


Mas essa reverência não prejudica o filme. Xavier demonstra ter capacidade de fazer um bom artesanato usando esse arcabouço teórico-estético e suas próprias experiências na direção. Vale a pena ficar de olho que o rapacito vai produzir pelos próximos anos.

Ah, ia me esquecendo: a trilha sonora é bem bacana. Tem a bela versão da cantora italiana Dalida de Bang Bang, que ficou famosa com Nancy Sinatra e na trilha de Kill Bill, além do The Knife, uma das bandas que eu gostaria de ver tocar por aqui um dia.