terça-feira, 8 de março de 2011

Amores expressos

No ano passado Xavier Dolan apareceu para o mundo. O prodígio canadense - ele tem só 21 anos - chamou a atenção da crítica com Eu matei minha mãe, em 2009, e em 2010 com Amores Imaginários, exibido em Cannes e outros festivais mundo afora. Foi muito comentado pela crítica, que se dividiu entre apupos e elogios.

O filme mostra o próprio Xavier como Francis, carinha moderno que passa grande parte de seu tempo em festas descoladas e cafés com sua amiga Marie (Monia Chokri). Num desses eventos a dupla conhece Nicholas(Niels Schneider), carinha interessante que acabou de chegar do interior à Quèbec. A dupla hipster acaba se apaixonando pelo rapaz (que se mostra um belo de um manipulador), o que acaba por colocar em cheque a amizade de tanto tempo.



Dolan busca várias referências - de Truffaut a Wong Kar Wai, esse último aparentemente a maior fonte - para criar uma película de ritmo interessante e esteticamente bem acabado. Os figurinos são incríveis, à la In the mood for love, e o clima amargo lembra 2046, duas das melhores realizações do chinês.

De Truffaut o diretor parece ter se inspirado em Jules et Jim para compor os personagens e o triângulo amoroso que se forma entre eles. Aliás, muitos outros grandes mestres do cinema já passaram por esse quase sub-gênero, como Godard (com Band à part, um dos meus preferidos) e Bertolucci (Os Sonhadores) e o canadense certamente os estudou com afinco.


Mas essa reverência não prejudica o filme. Xavier demonstra ter capacidade de fazer um bom artesanato usando esse arcabouço teórico-estético e suas próprias experiências na direção. Vale a pena ficar de olho que o rapacito vai produzir pelos próximos anos.

Ah, ia me esquecendo: a trilha sonora é bem bacana. Tem a bela versão da cantora italiana Dalida de Bang Bang, que ficou famosa com Nancy Sinatra e na trilha de Kill Bill, além do The Knife, uma das bandas que eu gostaria de ver tocar por aqui um dia.

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